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Domingos Barbosa Neto, de Bagé: áreas mais
afetadas cultivadas com trevo branco, cornichão e
azevém |
O problema é que, como o próprio capim fibroso, a semente também
é muito resistente. Adormece no inverno, floresce na primavera, e
pode sobreviver por dez anos. Por isso, mesmo os produtores que se
dispõem a combater a invasora demonstram um certo ar de conformismo.
'Dá apenas para minimizar o problema', diz Domingos Barbosa Neto,
administrador da Fazenda Marival, em Bagé. Nessa propriedade de 2
mil hectares, as áreas mais afetadas estão cultivadas com trevo
branco, cornichão e azevém. Mas se visualiza o annoni brotando em
meio à pastagem.
As sementes também chegam facilmente a todos os lugares. O gado
se encarrega de espalhá-las através do esterco. É assim que os
caminhões carregados de reses vão espalhando o plantio. É só
observar as margens das estradas. Daí para o campo, é rápido. E nem
todos notam que o desastre vem chegando. Na Estância Margarida, nas
proximidades de Bagé, os potreiros junto à rodovia mostram as
primeiras manchas se multiplicando. Os pés ainda baixos do início da
primavera são consumidos pelas reses e cavalos. E o velho capataz,
Valni Fernandes, 63 anos, imagina que os animais gostam do capim e
até se nutrem com ele. 'Dá um engorde bom, mas gasta o dente',
observa.
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Caminhões carregados de reses espalham o
capim pelas estradas através do esterco. Nos campos, o annoni
está presente em 87% dos locais
pesquisados |
Nos campos do seu Manuel Macla, a semente também chegou
com um gado trazido de Encruzilhada do Sul. E nunca mais deixou
aquelas coxilhas. Foram muitas as tentativas de combate. Lotação
alta de gado, com três cabeças por hectare. Plantio de outras
gramíneas, como pangola, estrela africana e braquiária para competir
pelo espaço. Uso de herbicida Roundup. Trata-se, entretanto, de uma
competição desigual. Dez mil sementes produzidas em cada pé de
annoni pressupõem uma multiplicação incontrolável.
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