Uma espécie de molusco
gigante, nocivo à saúde, começou a se proliferar em pelo menos duas
áreas da zona urbana de Engenheiro Beltrão, na região Centro Oeste
do estado – 35 quilômetros de Campo Mourão.
Denominado como
Achatina fulica, popularmente conhecido como
caramujo-africano, o molusco pode hospedar um parasita que, uma vez
transmitido ao homem, ataca o sistema nervoso e o aparelho
digestivo, podendo causar a morte da pessoa infectada.
De
acordo com Antônio Rosolen Neto, secretário municipal de Saúde, a
população vem sendo orientada a evitar o contato com o caramujo.
Segundo informações da Vigilância Sanitária de Engenheiro Beltrão,
ainda não se sabe como o caramujo chegou ao município.
No
entanto, desde o fim do ano passado, os moluscos começaram a se
alastrar em algumas regiões da cidade. Para Sérgio René Mazini, do
Departamento de Endemias da Vigilância Sanitária, uma das hipóteses
é que alguém tenha trazido o animal pensando se tratar do escargot –
iguaria utilizada como alimento. "Se for isso, a idéia deu errado e
agora eles estão se proliferando na cidade", disse.
Segundo
Mazini, um único caramujo é capaz de colocar 200 ovos. Embora a
presença do molusco tenha sido verificada em apenas duas regiões do
município, já está sendo difícil acabar com ele. Há alguns dias, os
fiscais retiraram cerca de 300 exemplares que estavam alojados sob
entulhos e em quintais de residências da cidade.
"Como são
perigosos, acabamos incinerando todo o material em uma olaria",
disse Mazini. Ele também explicou que o município tomou conhecimento
da aparição do caramujo depois que os moradores, com medo, começaram
a encontrar os animais e jogá-los no meio da rua.
Maria de
Lurdes Santos Mariano, de 59 anos de idade, mora em um dos locais
onde o caramujo passou a ter incidência elevada em Engenheiro
Beltrão. Somente em um dia, fiscais encontraram quatro moluscos ao
lado de sua residência. "Isso assusta a gente, principalmente,
porque causam doença", disse.
Ela também ressaltou que a
prefeitura passou no bairro fornecendo informações aos moradores.
Para o secretário de Saúde, todas as medidas já foram tomadas
evitando riscos de contaminação dos caramujos à população.
O
molusco pode chegar a 12 centímetros de altura e pesa até 200
gramas. Possui cor cinza-escuro e concha com estrias e faixas
castanhas.
Cada indivíduo põe até 200 ovos e atinge a idade
adulta em seis meses. O caramujo tornou-se hospedeiro do verme
Angiostrongylus Costaricensis, encontrado em intestinos de ratos. O
parasita causa dor-de-cabeça severa, rigidez de nuca, formigamento
diversos, paralisias temporárias e febre baixa.
Uma vez
instalado nos olhos, pode causar distúrbios visuais permanentes e
até cegueira.
O verme pode causar também angiostrongilíase
abdominal. Esta doença pode levar a pessoa a óbito por perfuração
intestinal, tumores e hemorragia intestinal. Nativo do
leste-nordeste da África, foi introduzido recentemente no Brasil
como substituto do legítimo escargot da espécie (Helix
aspersa), uma iguaria muito apreciada na França.
O
crescente aumento do consumo dessa iguaria pelos brasileiros,
despertou o interesse de criadores nacionais de escargot, que o
substituíram pelo caramujo-africano.(Gazeta do Povo)
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