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Excesso de tucunaré |
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Esta semana o Globo Rural
está mostrando uma série de reportagens sobre plantas e
animais invasores. O Parque do Rio Doce, uma das mais
importantes reservas da mata atlântica mineira, está
sofrendo com a presença do tucunaré, um peixe amazônico.
O tucunaré é um peixe carnívoro de água doce.
Quando adulto, pode chegar a um metro de comprimento. A
característica mais marcante é uma mancha arredondada na
calda do animal. A espécie é nativa da bacia amazônica,
mas hoje pode ser encontrada em boa parte do Brasil.
Em Minas Gerais a bacia do Rio Doce está repleta
de tucunarés. Na região da bacia o tucunaré foi
introduzido por fazendeiros e produtores em açudes e
represas na década de 60. A espécie migrou para as
lagoas durante algumas enchentes com as ligações
temporárias e permanentes que se formam entre essas
lagoas. A maioria das 750 lagoas já foi contaminada por
esse peixe predador.
Francisco Barbosa é biólogo
e professor da Universidade Federal de Minas Gerais,
UFMG. Ele explicou porque o tucunaré é um problema fora
do habitat natural.
“A longo prazo, certamente
vai afetar todo o ambiente. A qualidade da água muda, os
organismo mudam e, certamente, essas lagoas e esse
sistema fantástico está ameaçado com espécies exóticas”
– disse Barbosa.
O piau, a corvina, o cumbaca e
o curimatã estão ameaçados de extinção. As espécies
invasoras já exterminaram mais da metade dos peixes
nativos da lagoa Dom Helvécio, a maior do Parque do Rio
Doce.
Geraldo Santos trabalha no parque há dez
anos. Nesse tempo ele testemunhou o desaparecimento dos
peixes das lagoas.
“Na beira da lagoa se via os
peixes brancos, como o lambari. Agora você nota que o
lodo está tomando conta de todos os espaços da lagoa.
Isso acontece porque não há peixe branco para comer o
lodo no fundo” – disse Santos.
Além do tucunaré,
o cará amazônico e a piranha, dois peixes amazônicos,
vêm provocando estragos nas lagoas mineiras. Para tentar
conter o avanço do tucunaré o parque decidiu abrir as
portas para pescadores.
“É permitida a pesca
somente das espécies que são exóticas, como o tucunaré,
o cará do Amazonas e a piranha” – falou Marcos Vinícius
de Freitas, gerente do parque. |
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