Todos os organismos vivos são
constituídos por conjuntos de genes. As
diferentes composições destes conjuntos
determinam as características de cada organismo.
Essa composição é chamada de genoma e é formada
por genes. O que faz um animal ser diferente de
uma fruta ou de um ser humano é o genoma que
possui. Entre indivíduos da mesma espécie,
existe variedade genética, fundamental para a
viabilidade da própria espécie já que resulta em
indivíduos diferentes entre si, com capacidades
distintas de adaptação ao meio. Porém,
indivíduos da mesma espécie têm genomas
iguais.
Os Transgênicos ou OGM-T (Organismo
Geneticamente Modificado Transgênico), são
plantas criadas em laboratório com técnicas da
Engenharia Genética, que consistem na
transferência de um gene responsável por
determinada característica num organismo para
outro organismo, manipulando sua estrutura
natural, modificando seu genoma. Não há limite
para esta técnica. É possível criar combinações
nunca imaginadas entre animais, plantas e
bactérias.
Os defensores dos transgênicos afirmam que a
humanidade vem consumindo alimentos obtidos de
organismos geneticamente modificados há milhares
de anos, sem que eles tenham causado algum dano
à saúde e, portanto, não haveria razão para ser
diferente com os alimentos obtidos de processos
transgênicos. De fato, a grande maioria dos
alimentos consumidos são obtidos de organismos
geneticamente modificados. Mas estes alimentos
foram produzidos por processos naturais, com a
transferência de genes apenas entre organismos
da mesma espécie, com genomas iguais. Alimentos
obtidos de “organismos geneticamente
modificados” e alimentos obtidos de “organismos
geneticamente modificados transgênicos” não são
a mesma coisa.
Um gene transferido a outro organismo pode
resultar numa manifestação de características
com resultados imprevisíveis, diferentes das
reações esperadas. Eles podem aumentar a
resistência a antibióticos, podem causar
alergias, podem contaminar plantações vizinhas,
podem romper o equilíbrio entre insetos-praga e
seus predadores. Mas o pior risco está na
irreversibilidade: uma vez liberados na
natureza, não é mais possível restabelecer o
equilíbrio ambiental, porque não se pode
controlar os processos de transgênese
espontânea, que porventura venham a ocorrer, e é
impossível retirar da natureza os genes que
foram artificialmente introduzidos numa planta,
externamente igual às variedades da mesma
espécie, não transgênicas.
Recentemente foi demonstrada, em pesquisas de
universidades americanas, a possibilidade de
transferência espontânea, para plantas
silvestres da mesma família ou para insetos, dos
genes introduzidos numa variedade cultivada. Por
exemplo, os genes introduzidos em espécies
cultivadas para torná-las resistentes a
herbicidas podem transferir-se espontaneamente
para plantas silvestres com risco de torná-las
superervas daninhas, de difícil controle. Em
culturas como milho e algodão, foram
introduzidos genes retirados da bactéria
Bacillus thuringiensis (Bt), usada como
inseticida biológico contra lagartas. Ocorre que
os genes transferidos causaram o efeito inverso,
aumentando a resistência de mariposas à Bt. E as
lagartas destas mariposas passaram a atacar
tanto as culturas de milho e algodão, como
várias outras e, inclusive, algumas plantas
silvestres.
Outro risco para agricultura é que os
transgênicos podem afetar a vida microbiana no
solo e reforçam a tendência à uniformidade
genética na agricultura, com grandes
monoculturas, utilizando umas poucas variedades
da mesma espécie (o que aumenta a
suscetibilidade à mudanças climáticas e surtos
de pragas e doenças). Toxinas como a Bt ou os
genes de resistência a agrotóxicos podem ser
incorporados ao solo junto com resíduos de
culturas, afetando invertebrados e/ou
microorganismos, que têm importante função na
reciclagem de nutrientes para uso das plantas ou
podem afetar a capacidade de multiplicação no
solo das bactérias responsáveis por retirar
nitrogênio do ar e permitir a fertilização
natural.
E se os impactos ambientais resultantes do
cultivo de transgênicos são irreversíveis, as
conseqüências na saúde humana ainda podem ser
piores do que somos capazes de imaginar. A
natureza é uma grande teia e se o seu equilíbrio
for quebrado, sobretudo a este nível – do código
genético - as conseqüências afetarão todas as
formas de vida, em um grande efeito dominó.